Critical Watcher
É claro que eu pensei que as coisas seriam diferentes. Você tinha tudo para me fazer feliz, pois eu me sentia completo toda vez que estávamos juntos. Eu tinha os melhores sorrisos, os melhores abraços, as melhores frases de amor... Éramos românticos assumidos, lembra? Não consigo pensar em algum dia que nos deixamos de nos falar ao telefone antes de dormir, ou de quando você me faltou com respeito ou quando tivemos uma briga irreconciliável... Porque isso nunca existiu e as coisas eram muito simples, como 2 + 2 = 4. Eu te amava sem medo algum. Você também me amava de forma intensa. Dois amores que aqueciam quaisquer distâncias de uma semana cheia de trabalhos, preocupações e cansaço. O nosso mundo foi criado apenas por nós dois, e ninguém tinha acesso ao nosso paraíso... Lá podíamos ser felizes como bem entendêssemos, poderíamos correr nos jardins mais verdes e ouvir os pássaros mais lindos. Lá construímos um sonho de uma vida a dois. Nossa casa era branca, tínhamos uma piscina imensa e nossa filha, a Bárbara [que relutei para aceitar este nome], era a coisa mais linda que Deus poderia nos dar. Chegava a ser engraçado o quanto nossas diferenças faziam as coisas ficarem mais bonitas, pois juntos aprendemos a aceitar as diferenças e a compartilhar nossos consensos. Você me dizia que eu havia transformado a sua vida, e eu achava que tinha começado a viver depois de você. Até hoje não consigo entender o que aconteceu com nós dois, mas a certeza que guardo comigo é que o nosso paraíso permanece imutável em sua perfeição, como aquela pedra de diamante que nunca foi quebrada e nem tampouco riscada pelo tempo que nos afastamos.

"Tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas."

Critical Watcher
Amanheci sentindo falta de seu abraço
e do seu carinho ao dizer que eu era único
São coisas assim que me assustam
e me fazem tentar voltar à realidade.

Mas eu não volto.

A dor da saudade ou o medo da conquista
são inerentes a qualquer grande amor.
E sentir-se humano é um graça divina:
uma conquista de poucos, na verdade.

A efemeridade das coisas torna tudo singular,
mas eu não gosto de coisas sem plural.
Para mim, tudo é intenso, vívido e vermelho
até que a cor desapareça e novas dores surjam.

E com as dores, novas paixões.
Com as paixões, alguns amores.

Acreditar que posso ir além mesmo sem você
torna meus dias menos difíceis.
Porque a paixão me consome, a paixão me enlouquece.
A paixão não anestesia as dores de vivê-la.

Procuro no celular alguma mensagem sua
e seguro-me para não te escrever coisas bonitas.
Mas as coisas não eram pra ser assim,
pois dizer-te amores não me faz um estranho.

Eu acredito em você se me olha nos olhos
e me diz que tudo será eterno.
Eu acredito quando você me diz novamente
que sou e serei para sempre o único.

Mas a minha crença não é infinita, meu amor.
Você sempre soube que ela dura o instante de uma faísca.
E que talvez fosse preciso me provar isso a cada novo dia,
porque no final eu sei que as coisas não são bem assim.

E [infelizmente] o ciclo recomeça.
Critical Watcher
Ele era um garoto dedicado. Veio morar na cidade grande com o propósito de seguir o sonho de se tornar um grande fisioterapeuta. Mesmo longe de seus pais e, muitas vezes, afastado de seus melhores amigos, o Victor sabia exatamente o que queria. Às vezes ele tentava dizer a si mesmo para desistir, mas logo isso lhe mudava de pensamento, porque ele sabia o quanto as pessoas precisariam da ajuda dele, enquanto profissional da saúde. Ocorreu-lhe que surgiu uma oportunidade de trabalhar com alguns idosos em um asilo, cuja função seria massagear os seus dedos dos pés, ajudando-os na circulação e na diminuição de dores daqueles pés pesados de caminhar. Só que existia um problema que o Victor tinha que enfrentar: ele se envolvia emocionalmente com todo paciente, e toda vez que ele via tristeza no olhar de um idoso, ele também se sentia triste, embora naquele momento todas as suas ações se voltassem para um sorriso de agrado e uma conversa que fizesse aquele velhinho esboçar alguma reação feliz. Outra característica também inerente àquele bom moço era o fato de que ele não se continha com pouco. Seu trabalho seria resumido a apenas dois idosos, mas ele prometeu a si mesmo que daria seu amor e carinho a todos que ali estivessem presentes, e se dedicaria para tornar aquele ambiente de isolamento social um pouco mais cheio de risos. No seu primeiro dia de visita ao asilo, o Victor notou que existiam muitos idosos para poucas pessoas que cuidavam deles, e também notou que, de forma geral, as velhinhas eram bem mais tristes que os velhinhos, talvez porque estes últimos conversavam mais entre si sobre seus interesses em comum e acabavam formando mais amigos do que as senhoras. Quando o massageador de dedos chegou, os velhinhos ficaram felizes por receber a visita de alguém nunca antes visto, e é então que o Victor avisa que estará indo àquele asilo para ajudá-los com fisioterapia nos dedos dos pés, e que ficará responsável por alguns deles. No entanto, mesmo naquele ambiente de receptividade, existia uma senhora cabisbaixa que parecia estar muito deprimida por estar abandonada ali, sem qualquer familiar ou amigos a visitá-la. O Victor chega até ela e pergunta se está tudo bem, dizendo que vai cuidar dela da melhor forma possível e que tudo ficará tranquilo. A senhora, com um olhar ainda de tristeza e medo, pede para que por favor ele não a machuque, porque ela tem medo de sentir dor. O bom garoto, com o coração totalmente dolorido, segura as mãos daquela velhinha e garante-lhe que nada vai doer, e que a massagem dos dedos só vai trazer coisas boas. A velhinha sorri, com os olhos brilhando por acreditar que encontrou seu mais novo amigo. E, de fato, ela o encontrou.
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Ao chegar em casa, o massageador de dedos chorou e pediu a Deus que o abençoasse nessa caminhada, e que antes de qualquer coisa mantivesse o seu sentimento pelos pacientes, pois nada no mundo conseguiria comprar aquele sorriso de confiança que ele conquistara naquela manhã.
Critical Watcher
O propósito de se ter um blog foi, a priore, o de poder publicar todo e qualquer sentimento que estivesse acontecendo em minha vida naquele instante. Para tanto, fiz uso de um artifício que me escondia por trás dessas palavras, de maneira tal a não permitir (na grande maioria dos textos) que o que eu expunha pudesse ser diretamente relacionado ao que eu vivia naquele momento. É claro que nem sempre foi fácil manter os sete cadeados bem trancafiados, e uma hora ou outra lá estava o “observador crítico” a deixar que a crítica não fosse objeto de sua visão de mundo, mas sim uma crítica ao mundo que ele deixava fluir pelos seus próprios dedos: uma crítica à sua alma. Existiu de tudo: ego massageado, medos descobertos, amores quase eternos, dores [im]previsíveis, renascimento e queda, sonhos conquistados, desejos da carne, dúvidas, sexo, paz e conforto. Mas tudo que sinto agora se resume a uma dor de cabeça consciente, por ter permitido que aquele observador nato caísse no enorme buraco que eu mesmo criei durante os últimos anos. Eu era aquela criança que se lambuzava toda de sorvete e não sentia o menor pesar nisso. E, estranhamente, acordei sentindo falta da liberdade e da segurança que em mim sempre estiveram presentes. Cheguei a pensar que estive resguardado, mas logo lembrei dos inúmeros espinhos que me permiti por vezes. Eis que aceitar todas essas dores e vive-las de forma intensa me fez sentir um alívio quase humano. É tudo uma pequena gota de sangue, mas eu sei que é apenas o começo. E eu já posso respirar.


Mom, today is your day. Happy Birthday!
But, mom, do not forget: everyday is your day, ok?
Critical Watcher

Eu poderia te falar coisas que te tocassem lá no fundo

Coisas boas, que te fariam sorrir e talvez me desejar

Ou, ainda, poderia dizer que tu és uma droga

Que envenena meu sangue e me faz querer-te ainda mais

Eu poderia simplesmente te fotografar um sorriso

Cuja imagem refletiria minha satisfação por tu existires

Mas poderia também fotografar um rosto triste

Pra justificar a dor que sinto pela tua ausência

Poderia sair correndo ao encontro do mar

E dizer-te o quanto foi maravilhoso sentir o vento tocar meu corpo

Mesmo sabendo que nada compensaria a ausência de tuas mãos

A ausência de teu toque, do teu beijo, do teu carinho

Eu poderia sim.

Poderia ser o primeiro a te mandar a mensagem de parabéns

Ou poderia ser o último a lembra-la do teu aniversário

Poderia te dizer o quanto esse dia é especial

Ou poderia dizer que tu estás mais velha e ranzinza

Eu poderia te comprar mil presentes encantadores

E esquecer que o maior presente é o próprio sentimento

Mas poderia também doar-te meu coração

E esperar que tu soubesses ajuda-lo a bater por nós dois

Eu poderia te ligar e dizer aquele “eu te amo”

Para encher nossos corações de felicidade

Mas eu também poderia estar ao teu lado

Olhando seus olhos, fazendo juras eternas de amor

Ah, sim.

Eu poderia sim.

Eu poderia te convidar para assistir algum filme “love story”

Dividir contigo aquela pipoca e os momentos mais felizes

Ou poderia fingir que tu não existes

E esperar, quem sabe, por um convite qualquer

Eu poderia deixar-te sozinha

Para curtir um pouco a liberdade de estar livre

Como aquele pássaro que pousou na nossa janela

E depois saiu feliz rumo à grandiosidade do céu

É, eu também poderia.

Poderia sim.

Eu poderia oferecer-te rosas, dos melhores aromas possíveis

Fazer teus olhos brilharem de felicidade

Ou poderia te mostrar os espinhos que até as mais belas rosas possuem

E dizer-te que nem tudo é perfeição

Sabe, eu acho que poderia ir muito mais além do que jamais fui

Ou poderia deixar-me estático, sem nenhum objetivo

Poderia fingir que você não é especial pra mim

Ou apenas dizer-te amenidades e esconder o que sinto

Mas eu aprendi que uma das coisas mais importantes

da vida é saber dizer o que sentimos enquanto podemos.

E você é uma dessas “pequenas coisas grandiosas”.

You should be happy, ‘cause...

[...]
yeah, ‘cause you are really loved. =)

Critical Watcher
Sometimes the least thing you expect from people is respect.
-
O dicionário diz que “respeito” é o sentimento de reverência ou consideração, o apreço que se tem por alguém ou alguma coisa, a atitude de deferência ou obediência em relação a outrem; respeito é justiça, direito, razão. Na verdade não é de se estranhar me ouvir falando sobre respeito, uma vez que cresci com minha mãe sempre a cobrar dos seus três filhos o tão almejado sentimento. Não posso dizer com isso, no entanto, que fui o filho mais respeitoso, ou que sempre andei na linha. Por outro caminho, a minha intenção aqui é dizer que tive tempo suficiente para aprender com os inúmeros erros impensados cujos atos me fizeram vilão do desrespeito. Nada mais fácil do que apontar o dedo, do que dizer que o outro está errado e você quem é o certo. Nada mais fácil que usar uma ideia ou um pensamento generalizado de um grupo para acometer alguma minoria. O fato é que as pessoas têm um tempo destinado a aprender com os próprios erros, e é isso que separa a adolescência da fase adulta. É este tempo que vai tornar os seus erros toleráveis ou não. Faz-se válido salientar, ainda, que a questão do erro não reside na justificativa de que todo ser humano pode errar, mas sim na perspectiva de quando você se permite errar. E quando esse erro é cometido por alguém que você chama de amigo, é hora de parar para pensar e ver que as coisas não estão caminhando bem. Talvez seja tempo de aceitar que as pessoas podem, no mínimo, serem diferentes do que você espera delas. Talvez seja o momento de perceber que é mais fácil acreditar em bons sentimentos do que apenas atirá-los à fornalha. E é nisso que eu tenho pensado ultimamente.
Critical Watcher

Temos a noite inteira

Nesse quarto com vista ao mar

Temos o riso no rosto

Desejos que nunca se acabam

Teus braços nos meus


Temos a penumbra da noite

Sombras que desenham os nossos corpos

Feixes de luz que permitem as formas mais sutis

Temos tudo, meu amor

Temos o desejo de nos descobrir


Cada segundo é um mar de prazer

Não há distância entre você e eu

Não, não há meu bem

Quando estou contigo, é só você e eu


Teus lábios atacam minha boca

Tua sede alimenta meu ego

Teu calor derrete os meus medos

E você se diz toda minha, toda minha


Você me pede amor

Eu te dou o meu amor

E nadamos juntos nesse mar desconhecido

De lençóis, roupas e cobertores


Porque nosso encaixe é perfeito

E eu sei que você já me disse isso

E eu não preciso repetir outras vezes

Que quando estou com você somos apenas um


Não preciso repetir nenhuma outra vez

Porque prefiro guardar o que sinto

Aqui dentro comigo, sob minha custódia

Durante toda a estação


[E meu coração acelera mais uma vez...]