Critical Watcher
Ele estava encostado na porta observando-a com um ar de riso, que escapava de seus lábios finos. Ela desenhava suas curvas pelo chão, desinibida e milimetricamente sensual. Havia uma distância entre eles, o observador e o palco. A malabarista de movimentos encenava passos leves, lançando olhares inéditos, acariciando seu próprio corpo, desflorando seus prazeres mais secretos. O homem nunca sentira tanto prazer. Chegou a se aproximar mais um pouco, pois a escuridão do quarto só recriava cores marrom-escuro. Ela deu um passo atrás, acenando que ele voltasse para onde estava. Cautelosamente, com a leveza de um pássaro, ela retirou todas as peças que cobriam o seu pudor destemido. Abriu uma garrafa de vinho tinto gaúcho e despejou dentro das duas taças o líquido desejoso (talvez não o único). Sorriu para ele, ainda que cabisbaixa, e bebeu as duas taças, de forma tal a escorrer sobre seu corpo o vermelho tímido do vinho, que encontrava o seu caminho na mais perfeita silhueta.

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Ele não pensou duas vezes... Ela o permitiu.