Critical Watcher
I didn't really know what to call you
You didn't know me at all

But I was happy to explain

I never really knew how to move you

(Communication - The Cardigans)

Ouvi uma frase que me fez parar e pensar por muitos preciosos minutos. Eis: "O amor nada mais é que o ato da gente ficar no ar, antes de mergulhar." Fiquei emocionado desde o primeiro instante em que essas palavras vieram a mim, como minhas. A simplicidade em que foi escrita e os infindáveis conceitos e sentimentos que estão entre essas poucas palavras arrancaram-me suspiros de felicidade e dor que nem eu mesmo esperava. Mil imagens se fizeram presentes, desde então. Memórias que eu quero que não apaguem...

- Ele prometeu amá-la com todo o fervor de sua vida. Jurou que nada faria aquilo acabar, fez juras de amor e relembrou ser fiél pela eternidade. Mas ele não conseguia... Seus instintos masculinos sempre iam além do que era permitido e os grandes amores iam sendo perdidos, com o tempo. Amou a ponto de ter ódio de si mesmo, por não conseguir fazer da fidelidade algo presente em seus relacionamentos. Para ele, traía apenas pelo sexo, pelo prazer derramado na cama, pelos beijos que conseguia arrancar e armazenar dentro de sua caixinha de lembranças. E todas essas coisas o deixaram. Sem mais sexo, sentimento ou calor.

- Subiu na mais alta cachoeira que havia ali perto. Lágrimas que não paravam de rolar em um rosto triste e amargo. Foram menos de dez segundos até a sua queda na superfície rígida da água. Percebeu, nesses instantes ínfimos, o que representava o sentido maior da vida... Quanto maior era o amor, maior era o tempo no ar... E quanto mais alta era a cachoeira, maior era o amor.

Restou apenas um colorido vermelho naquelas águas correntes, que pareciam bater como um coração, sem parar.
Critical Watcher

Hoje amanheci extremamente cansado. A vontade de estar em meu aconchego nunca foi tão válida quanto como está sendo neste exato instante. Ando cansado do mundo, das coisas que dele surgem, das pessoas que nele habitam. Sinto-me, às vezes, como a Clarice Lispector: saturado da solidão e inapto a este mundo. A verdade é que eu tenho percebido que as coisas parecem ter sempre o mesmo ciclo, funcionam sempre do mesmo jeito e apenas as “peças de teatro” mudam de personagens. E eu, em definitivo, odeio a estática suprema das coisas e a quase tentativa de perfeição dos meus amores. Queria que as pessoas, assim como o Oscar Wilde, acreditassem que é o imperfeito que precisa do amor e que não é necessário viver sob o puritanismo arcaico para ser feliz. Parece brincadeira se ouvir isso quando existe uma proximidade maior comigo, pois o meu espírito velho é mais aparente que a minha necessidade enérgica de outros ares. No entanto, existem mil e uma personalidades dentro de mim que ninguém conhece e, talvez seja esse o motivo da minha admiração por “Tell me your dreams”, de Sidney Sheldon. Acredito que possuo um “eu” diferente para cada situação, como se é de esperar para qualquer humano. No entanto, essa mobilidade de pensamento ou, sei lá, a transação repentina de personalidade e impessoalidade deixam-me aflito e me parece ser algo unicamente meu. E eu continuo admirando tudo isso, mesmo que cansado de esperar, esperar e esperar...