Critical Watcher

Rasga a carne crua e quente
Marca o corpo sem piedade
Destrói e envenena por completo
O ser que nasce sem maldade

A têmpera de cal e cola
Apagada pela falta de cor
Quer dilúvio, quer banho
Tons vermelhos e amarelos

E a bátega que não chega
Dá ao sol que resplandece
O poder maior de liderança
A fiel injúria ao que precisa

Novos tons vermelhos e amarelos
A carne nem mais sente dor
Escorre o medo por entre as rupturas
- Vai-te junto ardor amargo!

E clama, sem medo ou piedade
Envenena-se, embebeda-se
Irriga-se de azul e verde
A mistura se apodera

A têmpera ganha vida
E embora ainda desbotada
Faz dos lagos o sangue...
Fotossintetizantes híbridos

Corre e escoa a corrente infinda
Com força e coragem sente o chão
Abraça-o e mancha-se do marrom escuro
Que faltava nas cores lancinantes

- Traga-me a escuridão!
Minhas devassas mãos não alcançam
O fel que sai dos olhos assassinos
És tu, fim de crepúsculo
-
-
E a têmpera desmaia, extasiada de tantas cores e pouco sentimento.