Critical Watcher
Ele era um garoto dedicado. Veio morar na cidade grande com o propósito de seguir o sonho de se tornar um grande fisioterapeuta. Mesmo longe de seus pais e, muitas vezes, afastado de seus melhores amigos, o Victor sabia exatamente o que queria. Às vezes ele tentava dizer a si mesmo para desistir, mas logo isso lhe mudava de pensamento, porque ele sabia o quanto as pessoas precisariam da ajuda dele, enquanto profissional da saúde. Ocorreu-lhe que surgiu uma oportunidade de trabalhar com alguns idosos em um asilo, cuja função seria massagear os seus dedos dos pés, ajudando-os na circulação e na diminuição de dores daqueles pés pesados de caminhar. Só que existia um problema que o Victor tinha que enfrentar: ele se envolvia emocionalmente com todo paciente, e toda vez que ele via tristeza no olhar de um idoso, ele também se sentia triste, embora naquele momento todas as suas ações se voltassem para um sorriso de agrado e uma conversa que fizesse aquele velhinho esboçar alguma reação feliz. Outra característica também inerente àquele bom moço era o fato de que ele não se continha com pouco. Seu trabalho seria resumido a apenas dois idosos, mas ele prometeu a si mesmo que daria seu amor e carinho a todos que ali estivessem presentes, e se dedicaria para tornar aquele ambiente de isolamento social um pouco mais cheio de risos. No seu primeiro dia de visita ao asilo, o Victor notou que existiam muitos idosos para poucas pessoas que cuidavam deles, e também notou que, de forma geral, as velhinhas eram bem mais tristes que os velhinhos, talvez porque estes últimos conversavam mais entre si sobre seus interesses em comum e acabavam formando mais amigos do que as senhoras. Quando o massageador de dedos chegou, os velhinhos ficaram felizes por receber a visita de alguém nunca antes visto, e é então que o Victor avisa que estará indo àquele asilo para ajudá-los com fisioterapia nos dedos dos pés, e que ficará responsável por alguns deles. No entanto, mesmo naquele ambiente de receptividade, existia uma senhora cabisbaixa que parecia estar muito deprimida por estar abandonada ali, sem qualquer familiar ou amigos a visitá-la. O Victor chega até ela e pergunta se está tudo bem, dizendo que vai cuidar dela da melhor forma possível e que tudo ficará tranquilo. A senhora, com um olhar ainda de tristeza e medo, pede para que por favor ele não a machuque, porque ela tem medo de sentir dor. O bom garoto, com o coração totalmente dolorido, segura as mãos daquela velhinha e garante-lhe que nada vai doer, e que a massagem dos dedos só vai trazer coisas boas. A velhinha sorri, com os olhos brilhando por acreditar que encontrou seu mais novo amigo. E, de fato, ela o encontrou.
--
Ao chegar em casa, o massageador de dedos chorou e pediu a Deus que o abençoasse nessa caminhada, e que antes de qualquer coisa mantivesse o seu sentimento pelos pacientes, pois nada no mundo conseguiria comprar aquele sorriso de confiança que ele conquistara naquela manhã.
3 Responses
  1. Anônimo Says:

    Adorei esse post. Me identifiquei com o personagem citado no texto, espero que nossa jornada tenha uma final feliz. ^^

    #esr


  2. Anônimo Says:

    Fantastic website, I hadn't noticed criticalwatcher.blogspot.com previously during my searches!
    Keep up the wonderful work!


  3. Eu leria as suas narrações sem parar, são perfeitas. Fazia tempo que não lia uma história tão bonita. Poste sempre (: