Critical Watcher

"E num instante qualquer comecei a pensar em minha vida. Foi tudo tão rápido que nem sequer tive direito de aceitar aquela situação. Sem esperar, flashes e luzes transpassaram as imagens que meus olhos podiam enxergar naquele momento. À minha memória restavam apenas registros passados de sentimentos que já não mais existiam. Eu estava em outro lugar, em outro tempo, indeterminado e esquecido. Como de relance, aos meus olhos foi permitido divisar imagens que há muito adormeciam em meu inconsciente. Lágrimas corriam de meus olhos, como se algo ou alguém estivesse a perfurar-me incisivamente. E eu não entendia o porquê da árdua necessidade que havia naquele ato, que soava como penitência a um passado marcado por culpa e iniqüidade. Então, via-me correndo diante de uma imensidão de sombras que aterrorizavam meus passos e que pareciam degustar o agonizar de meus gritos. Não era fácil. Eu tentava materializar a idéia de que tudo aquilo não passava de um pesadelo, desviando de todas as tentativas de destruição a mim lançadas, mas de nada isso me servia. As dores aumentavam, o medo acirrava-se, o grito ecoava cada vez mais penetrante. Minha pele ardia em chamas e volatilizava-se perante minha fraqueza. Desordenadamente, vozes e inscrições surgiam diante de mim. Era tudo uma ordem, uma prescrição... Algo que me deixava bem claro o perigo daquela circunstância. Experimentei chegar ao íntimo de minha mente, a fim de buscar razões que justificassem o demolir de um simples instante de reflexão. De súbito, comecei a entender o que me passava. Era você quem contundia a minha lembrança... E que pena, uma triste lembrança!"

7 Responses
  1. Anônimo Says:

    Se todas as tristes lembranças que eu tiver resultarem em textos bons quanto esse eu juro pelos céus que quero tê-las mais um pouco. ;)


    muito bom!
    /abraço.


  2. Bicudo Amigo Says:

    Haha! Eu num tenho tanto cacife pra comentar não, mas aí vai a minha simples opinião sobre o blog! Bem, Vicente, dizer que você é "O CARA" quando está de lápis e papel na mão, nem preciso, né? Lembra de quando escrevíamos (quase tudo que escrevíamos) e fazíamos questão de mostrar um ao outro o resultado final (verdadeiras obras inacabadas, já que sempre sugeríamos mútuas alterações)??? =D Bons tempos, que hão de voltar um dia... PARABÉNS, continue assim! Você realmente está seguindo por essa vereda de grandes escritores. Abraçoo \o/


  3. Anônimo Says:

    Por caminhos cheios de sintomas de "arrepio", encontrei esse blog. Com palavras ocultas, assim como meus pensamentos são, adorei lê-lo e viajar em tais pensamentos poéticos.

    Assim como você, também ouso a escrever sobre as grandes fantasias das nossas cabeças. Que podem ser até contos de fadas. E contos de fadas também existem em cheio no mundinho dos meninos.

    Lindo, claro - talvez - e sincero comecinho de blog, hein?!

    Parabéns, meu caro.


  4. Nathalia Says:

    Vicenteeeee adorei seu texto ficou ótimo. Quando lançar um livro me manda um autografado tah?!

    ^^


  5. Paulo Maia Says:

    Bom, convidado a ler o blog de Vicente, eu me senti obrigado a tecer algum comentário sobre suas novas postagens que, como de costume, são fantásticas. Devo dizer que você é um escritor nato, excepcionalmente diferente de tudo o que eu já vi. Continue escrevendo e nos trazendo tão verdadeiras palavras. Parabés, simplesmente excepcional.

    Abraço.


  6. Unknown Says:

    Fico muito envaidecida por você ser meu filho. Parabéns! Continue assim, premiando nossa alma com seus lindos versos. bj.


  7. Anônimo Says:

    Que memorialismo fascinante! Custo a crer que não tens 97 anos...


    ó t i m o texto!