Critical Watcher
Amanheci sentindo falta de seu abraço
e do seu carinho ao dizer que eu era único
São coisas assim que me assustam
e me fazem tentar voltar à realidade.

Mas eu não volto.

A dor da saudade ou o medo da conquista
são inerentes a qualquer grande amor.
E sentir-se humano é um graça divina:
uma conquista de poucos, na verdade.

A efemeridade das coisas torna tudo singular,
mas eu não gosto de coisas sem plural.
Para mim, tudo é intenso, vívido e vermelho
até que a cor desapareça e novas dores surjam.

E com as dores, novas paixões.
Com as paixões, alguns amores.

Acreditar que posso ir além mesmo sem você
torna meus dias menos difíceis.
Porque a paixão me consome, a paixão me enlouquece.
A paixão não anestesia as dores de vivê-la.

Procuro no celular alguma mensagem sua
e seguro-me para não te escrever coisas bonitas.
Mas as coisas não eram pra ser assim,
pois dizer-te amores não me faz um estranho.

Eu acredito em você se me olha nos olhos
e me diz que tudo será eterno.
Eu acredito quando você me diz novamente
que sou e serei para sempre o único.

Mas a minha crença não é infinita, meu amor.
Você sempre soube que ela dura o instante de uma faísca.
E que talvez fosse preciso me provar isso a cada novo dia,
porque no final eu sei que as coisas não são bem assim.

E [infelizmente] o ciclo recomeça.
1 Response
  1. Eu estou adorando essas suas postagens recentes, muito mesmo. Consigo me achar nessas palavras, como também consigo achar até música nelas. Quando leio este texto lembro de "Nylon Smile", música do Portishead, que eu também adoro.