Critical Watcher

Rasga a carne crua e quente
Marca o corpo sem piedade
Destrói e envenena por completo
O ser que nasce sem maldade

A têmpera de cal e cola
Apagada pela falta de cor
Quer dilúvio, quer banho
Tons vermelhos e amarelos

E a bátega que não chega
Dá ao sol que resplandece
O poder maior de liderança
A fiel injúria ao que precisa

Novos tons vermelhos e amarelos
A carne nem mais sente dor
Escorre o medo por entre as rupturas
- Vai-te junto ardor amargo!

E clama, sem medo ou piedade
Envenena-se, embebeda-se
Irriga-se de azul e verde
A mistura se apodera

A têmpera ganha vida
E embora ainda desbotada
Faz dos lagos o sangue...
Fotossintetizantes híbridos

Corre e escoa a corrente infinda
Com força e coragem sente o chão
Abraça-o e mancha-se do marrom escuro
Que faltava nas cores lancinantes

- Traga-me a escuridão!
Minhas devassas mãos não alcançam
O fel que sai dos olhos assassinos
És tu, fim de crepúsculo
-
-
E a têmpera desmaia, extasiada de tantas cores e pouco sentimento.
12 Responses
  1. Anônimo Says:

    Desastre bonito mesmo.
    Gostei das palavras que você usou no seu poema.

    A imagem está ótima. Adoro imagens.
    São mudas e dizem um mundo inteiro.

    Grande beijo, Moço.


  2. Lindo, muito lindo. Eu fico sempre impressionado com tuas palavras, a precisão e poesia que destes a essas palavras fervem, muito bom de ler, muito bom de se entregar a elas. Não deixe de postar :]



    abração!


  3. R Lima Says:

    Obrigado por aceitar o convite lá.. agora n perdemos o contato.





    Texto de hoje: o fiM...

    Visite e Comente... http://oavessodavida.blogspot.com/

    O AveSSo dA ViDa - um blog onde os relatos são fictícios e, por vezes, bem reais...


  4. nj.marabuto Says:

    num sorriso incontido daqui, o reconhecimento da genialidade espasmódica.


    abraço


  5. Lyra Says:

    Lamentavelmente não me tem sido possível visitar este blog com tanta assiduidade quanta ele merece e que eu gostaria.
    Fica, no entanto, a promessa de um regresso em breve para uma leitura pormenorizada.

    Até lá ficam os desejos de tudo de bom e um excelente fim de semana.
    Beijinhos e até breve.

    ;O)

    P. S. - Nunca me esqueço de ti!


  6. Palavras bem desenhadas. Quase ocultas, mas ofuscantes. Coisa de quem sabe do mistério das letras. De quem sabe dosar sentidos em versos, e por isso brinca entre levezas e agústias. O resultado é a gente de boca aberta do lado de cá, só pra provar dessa poesia bonita.

    Você demora a aparecer. Quando o faz, é como um presente. Por isso agrada sem maiores cerimônias.

    Lindo, menino-bonito.
    Desenho teu, na gente.

    Meu beijo.


  7. bsh Says:

    É um desastre bonito certamente.

    É forte e emocionante.

    Palavras precisas e objectivas.

    Parabéns

    (Re)Voltarei.

    http://desabafos-solitarios.blogspot.com/


  8. Kiara Guedes Says:

    "caminhando" por ai cheguei até aqui...instigada pelo nome do blog... gostei do que vi, do que li, voltarei mais vezes. abraços


  9. Marina! Says:

    maravilhoso *-*
    as suas palavras ãparentam ser sempre mais sensiveis e tocantes,deve ser a maneira como escreve,leve e marcante,


  10. Unknown Says:

    Que forte!

    Parabéns, poeta.

    =]


  11. Canto novo atualizado. Deixa teu perfume lá, quando puder.

    :)


  12. ex-amnésico Says:

    Um simbolista a altura de um Cruz e Souza!

    Estou sem palavras (depois das suas, é compreensível!)...