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Temos a noite inteira
Nesse quarto com vista ao mar
Temos o riso no rosto
Desejos que nunca se acabam
Teus braços nos meus
Temos a penumbra da noite
Sombras que desenham os nossos corpos
Feixes de luz que permitem as formas mais sutis
Temos tudo, meu amor
Temos o desejo de nos descobrir
Cada segundo é um mar de prazer
Não há distância entre você e eu
Não, não há meu bem
Quando estou contigo, é só você e eu
Teus lábios atacam minha boca
Tua sede alimenta meu ego
Teu calor derrete os meus medos
E você se diz toda minha, toda minha
Você me pede amor
Eu te dou o meu amor
E nadamos juntos nesse mar desconhecido
De lençóis, roupas e cobertores
Porque nosso encaixe é perfeito
E eu sei que você já me disse isso
E eu não preciso repetir outras vezes
Que quando estou com você somos apenas um
Não preciso repetir nenhuma outra vez
Porque prefiro guardar o que sinto
Aqui dentro comigo, sob minha custódia
Durante toda a estação
[E meu coração acelera mais uma vez...]

Uns optam pela vida, outros decidem pelo amor, e há os que acham tudo muito banal.
A verdade pode até parecer simples, mas estar imune não lhe garante segurança.
De fato, a razão tem fugido de quaisquer formas despretensiosas ou não.
Ela tem medo de quando a deixamos ir embora.
Porque quando ela vai, folhas são jogadas ao vento.
Como as plumas daquele travesseiro rasgado no topo do telhado.
Que esvoaçavam felizes, com algum destino desconhecido.
Mas que nunca à sua casa tornam.

A maior parte das pessoas tenta definir o amor; outra parte opta pela paixão ou, ainda, existem aqueles que desejam definir a própria vida. Tenho certeza que muitos já até tentaram definir o seu “eu” do âmago, o que na verdade sempre acaba em um dos dois fins: ou você diz ser o que gostaria que de fato fosse ou você é “inválido” o suficiente para tamanha descrição. Mas o que tudo isso tem a ver com música? Não é fácil, eu sei, mas diria que a música é, em seu contexto menos abrangente, a profusão de todos os outros sentimentos. Andei pensando nisso há algum tempo, e tenho declaradamente dito que só a música consegue mobilizar qualquer ponto de mim. Tentei encontrar algo que me despertasse tristeza, e o encontrei nas músicas de gênero Doom Metal, onde a melancolia era a rainha da noite. Músicas lentas, temáticas depressivas, desespero, morte ou suicídio foram os temas mais abordados. Em seguida, optei por um ambiente mais agressivo, com batidas pesadas e instrumentação diversificada, a fim de alcançar algum estado de perturbação corporal e ao mesmo tempo um prazer térreo, à matéria... E o EBM, sigla de Electronic Body Music, me proporcionou isso facilmente. Depois tentei encontrar a música do prazer carnal, das tentações humanas, da libido e do calor do sexo e sem algum problema a encontrei nas músicas eletrônicas, principalmente nos estilos Psy Trance e na música Techno. Ainda existem aquelas músicas que nos direciona a um patamar de tranqüilidade, de contato com a natureza, de intermédio entre o homem-alma e a alma-homem. Dentro desse perfil, encontrei a Música Clássica e o New Age, que me fizeram encontrar a busca ao espírito através do som. Poderíamos ousar passar o dia inteiro discutindo sobre a dimensão que a Música alcança, mas seria uma análise interminável, ininterrupta, contínua, o que não é o meu propósito. A única coisa que eu poderia, então, dizer é que as mais diversas notas musicais podem ter mais vida do que as suas próprias aparências e dimensões. E a música está dentro do homem desde as eras mais remotas, fosse pelo som de pedras que se chocavam, fosse pelo mar que atormentava ou fosse pela chuva que caía incessante sob raios e trovões. A música é como o sangue que pulsa, ou como a respiração limpa de uma criança. Tem um significado muito complexo, mas ao mesmo tempo fácil de se entender. E foi assim determinado que o homem fosse música e que a sua música fosse sua mais bela forma de expressão.
Esse é o meu maior presente.
Existe algo mais chato do que milhões de provas em uma semana que não se tem nem tempo de revisar matéria? Existe algo tão repetitivo quanto o iô-iô que vai e vem sem parar ou o brinquedo de bate-bate a zunir nos ouvidos? E as buzinas dos carros com motoristas estressados a buzinar, porque sua mãe ainda não tem plena experiência no ato de dirigir? E os comentários daquele aluno chato que tirou dez e te pergunta quanto foi sua nota para poder sentir-se melhor?
Eu juro que achava que não existia nada pior que isso. Vejam bem: ACHAVA. O fato é que a minha vida virou um tormento, desde o momento que minha mãe cogitou a possibilidade de se fazer um rebaixamento de GESSO em meu apartamento. A priore, tudo é motivo de ânimo, renovação, conforto visual e atualização. Mas a procura por SANCAS modernas, a escolha das melhores tintas e cores adequadas, a internet e o computador cheios e sem-saco pra tantas fotos; e os SPOTS: brancos, prateados, circulares ou quadrados?, etc, tudo me irritou de um jeito que já não agüento mais respirar os ares de meu “lar-doce-lar”.
Falando em respirar, acho que esse pó branco (PERTURBADOR, INCESSANTE, SUJO, CORTANTE e outros adjetivos ruins que não me lembro de já ter dito) trouxe-me de presente uma dor na garganta que não quer passar, olhos sempre irritados, e micro-cortes nos dedos, além, é claro, dos lábios deveras machucados e ressequidos. Acreditem: a cada cinco minutos, tudo que estava limpo fica sujo novamente, sobre sua pele você percebe pequenas partículas de pó se acumulando. E você limpa, mas eles voltam e voltam e voltam...
Sinceramente, NADA me estressou tanto quanto isso. Já tentei sair, visitar amigos, almoçar fora, ir ao Parque das Dunas nos finais de semana, festejar aniversários, etc, etc, etc... Mas esse pequeno inferno não passa. Acabo, dessa forma, me isolando do resto da casa, porque finalmente meu quarto foi terminado hoje (o que não significa que o pó pare de circular por aqui). Eis, então, que jogo tudo pros ares, colchas de cama, lençóis, travesseiros; limpo tudo, bem superficialmente, e tento fugir de qualquer coisa que esteja do lado de fora de minha porta, abstendo-me, inclusive, do contato familiar, pois essa seria uma porta de entrada para um turbilhão de novas partículas malditas.
Tudo é muito branco, tudo é muito nevoado, mas a certeza de que eu estou conseguindo escapar desse sofrimento me fez ter tempo suficiente pra vir aqui e avisar a todos que pensem muito bem antes de uma escolha dessas, mesmo que o resultado do trabalho, assim como está sendo aqui, seja "agradabilíssimo".
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E minhas férias estão quase terminando, indo embora todos os meus desejos de que estivessem a começar a partir de agora.
Os sentimentos humanos são tão volúveis que, de certa forma, agridem a fé daqueles que possuem esperanças de um dia poder encontrar quem tanto busca. Digo isso porque até mesmo passeando pelas ruas encontramos algum casal a brigar, chamando a atenção de todos, por suspeitas de traições e verbalidades desnecessárias. Ou quem sabe aquele amigo que você conta tudo, abstrai seus problemas apenas dividindo-os com ele, aquele alguém que divide com você telefonemas diários para se saber das novidades do dia... o mesmo alguém que na noite posterior recusa uma ligação sua, esquece que você existe e resolve se divertir com outros amigos.
A traição não pode ser concebida como o ato propriamente dito de utilizar o corpo de outrem para a satisfação própria. É algo muito mais além do que esse conceito barato. A incompreensão diante de uma situação difícil, a falta de carinho nos momentos mais tristes, a ausência de respeito ao parceiro, a maldade do olhar diante de corpos alheios, a falta de bom-senso para discernir quando cometemos algum erro e a total erradicação da necessidade em se ter resignação para o perdão; essas são formas totalmente claras de traição. Outros sentimentos podem surgir e serem adjacentes aos relacionamentos, como o interesse financeiro e a prostituição elitizada, tipicamente presentes na sociedade moderna. No entanto, para muitos, tudo isso não passa de adjetivos comuns que variam de ser humano para ser humano.
Trair entraria, então, como um conceito menos amplo, mais voltado para a questão sexual: o desejo propriamente dito aliado à realização deste. Parece ser um vício humano essa busca incessante pelo par perfeito; um vício que, assim como os demais outros, molda a sua vida social. O que não se tem percebido é que tudo é muito mais simples quando se existe amor.
Nada disso é um depoimento emocional ou uma figura ilustrativa de alguém que acredita que seja possível amar de verdade. É a concretização de uma opinião perante observações atentas à maioria das pessoas de meu convívio. Já descobri mulheres manipuladas por seus parceiros, dominadas pelo medo de perdê-lo, aceitadoras pacíficas da possessão. Já vi amores serem criados da noite para o dia, castelos de aparência construídos sem base, sem crescimento recíproco com o tempo. Uma semana depois, a base começa a ruir e o castelo tão bonito desaba poderosamente. As pessoas ficam magoadas, choram, sofrem e martirizam-se pelo que aconteceu, sem entenderem o porquê daquilo tudo. E, depois, a história se repete, mudando-se apenas os personagens principais. Onde esteve, então, o amor antes tão notável entre as mensagens de boa noite e o “eu te amo” tão estupidamente usado?
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Esperaria, arduamente, para ver os cupidos acertarem os corações apaixonados, de forma certeira e decisiva. Desejaria que o Cupido idealizado por Shakespeare ainda reinasse na atualidade, mas infelizmente ouve-se dizer por aí que ele foi acertado por sua própria flecha, envenenada por atributos negativos, cheios de ódio e rancor.