Critical Watcher
Ele estava encostado na porta observando-a com um ar de riso, que escapava de seus lábios finos. Ela desenhava suas curvas pelo chão, desinibida e milimetricamente sensual. Havia uma distância entre eles, o observador e o palco. A malabarista de movimentos encenava passos leves, lançando olhares inéditos, acariciando seu próprio corpo, desflorando seus prazeres mais secretos. O homem nunca sentira tanto prazer. Chegou a se aproximar mais um pouco, pois a escuridão do quarto só recriava cores marrom-escuro. Ela deu um passo atrás, acenando que ele voltasse para onde estava. Cautelosamente, com a leveza de um pássaro, ela retirou todas as peças que cobriam o seu pudor destemido. Abriu uma garrafa de vinho tinto gaúcho e despejou dentro das duas taças o líquido desejoso (talvez não o único). Sorriu para ele, ainda que cabisbaixa, e bebeu as duas taças, de forma tal a escorrer sobre seu corpo o vermelho tímido do vinho, que encontrava o seu caminho na mais perfeita silhueta.

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Ele não pensou duas vezes... Ela o permitiu.
13 Responses
  1. Chellot Says:

    Um prazer visual por uma encantadora malabarista que mecheu com os sentimentos de seu público.

    Beijos doces de seu sabor preferido.


  2. Unknown Says:

    Permitir-se a qualquer gesto, mas não a qualquer taça de vinho. O bom vinho, com a ótima companhia leva os nossos prazeres a outro mundo INCRIVELMENTE INEXPLICÁVEL. Juro que os toques, os olhares, o calor que sobe no corpo quando se toma esse vinho, transforma-nos em apenas um pássaro: aquele que voa como nenhum outro por ares limpos.

    Eu já disse e volto a repetir: precisamos escrever um livro, Freitas. E um dia faremos isso. Acredito em nós.

    Um grande abraço, meu amigo.

    =]


  3. Ana Carolina Says:

    Escreves muito bem :)

    Visita o mue blogue e comenta o mue último post :)


  4. A menininha Says:

    Ahhh, gostei do blog!!!


    Beijos


  5. Olá meu caro!
    Fazia um tempinho que não andava por "aqui".
    Mas percebo que você evolui em seus textos a cada dia... Nem parece que academicamente, não és da área de Ciências Humanas. :)
    Abraço grande!


  6. Texto gostoso de ler, situação boa de se imaginar... narração agradável. Muito bom, moço.

    Foi experiência pessoal? Risos.


    Beijo meu.


  7. Ran Omelete Says:

    Fiquei curioso com esse "pudor destemido" que ela cobria. Imaginei a mulher maravilha, intrépida e valente, encarando tudo de frente, de ladinho e por trás.

    Um texto erótico e engraçado ao mesmo tempo. Bem, pelo menos para mim.


  8. Uma palavra só vem a cabeça: sensualidade.


    Beeijo, Vicente.
    :*


  9. Que ótimo que é ler uma postagem sua de novo :D tava sentindo muita falta, mas já vi por esse texto que você veio com nuances mais implícitas do que nunca e eu adoro muito tudo isso ;) tanto tempo que a gente não se fala :~


    se cuida, abraço!


  10. Says:

    Vicente, muito prazer!!!
    ;)

    Encantei-me com seu texto...muita sensualidade e imaginação..ler as entrelinhas, o não dito, não escrito é maravilhosos....

    Voltarei mais vezes por aquii, posso??

    Bjoss,


    http://inverossimilhancadoreal.blogspot.com


  11. Este comentário foi removido pelo autor.

  12. A colega teve a mesma percepção que eu. Além de toda a descrição da cena, que aliás mexe com a imaginação do leitor, podemos ver também as entrelinhas... E aí dá pra perceber "que o homem sai de si mesmo" e constrói um texto sensual. Todos nós, como humanos, nos identificamos. Parabéns.


  13. ex-amnésico Says:

    Ah, o vinho tinto (artesanal, por certo) gaúcho! Tenho boas lembranças dele...

    Dioniso presidiu esse encontro, com certeza.

    E mandou ondas pelo resto do cosmos.